Demência são todas as doenças que provocam alteração da memória de curta ou longa duração associada a alteração da função cortical a qual chamamos raciocínio. A memória de curta duração é responsável pelo que o indivíduo realizou nos últimos dias e nas últimas horas. Já a memória de longa duração é a responsável pelo aprendizado, lembranças da infância e de anos passados. O raciocínio ou funções corticais superiores são as capacidades do indivíduo de calcular, escrever, orientar-se e principalmente a capacidade de integrar todos esses conhecimentos.
Quando o indivíduo não reconhece alguém ou algum lugar ou há quanto tempo ocorreu determinado fato, isso significa que ele está com alteração de memória e, portanto, com um dos indicadores para quadro demencial. A inadequação a diferentes fatos, como perda de iniciativa e comportamento inadequado, é decorrente de doença do lobo frontal.
Alteração pequena de memória recente em indivíduos com mais de 65 anos de idade é considerada normal. Perda de memória geralmente ocorre na demência, mas a perda de memória, sozinha, não significa que o indivíduo tem demência. A demência indica problemas com pelo menos duas funções cerebrais, tal como a perda de memória associada com uma piora no julgamento ou linguagem. A demência torna o paciente confuso podendo não lembrar de nomes e pessoas, podendo ocorrer também alterações de personalidade e comportamento social.
Muitas doenças chamadas de "degenerativas" são responsáveis por quadros demenciais, entre elas: Doença de Alzheimer, diabete melito, dislipidemias, isquemias cerebrais. Outro grande grupo é o das doenças infecciosas: meningites, encefalites, encefalites por vírus lentos, AIDS, sífilis. O terceiro grupo é o dos tumores cerebrais, como os gliomas, meningeomas, metástases.
Por último temos as demências pós-traumatismo de crânio que são os hematomas subdurais crônicos e as lesões axonais difusas e a hidrocefalia.
Inicialmente a pessoa queixa-se de falta de memória recente, depois aparecem as alterações da memória tardia, memória de tempo e memória espacial. Por fim há uma alteração de comportamento, com atitudes bizarras e imprevisíveis.
O diagnóstico é feito com testes de memória. Dá-se uma lista de dez objetos ou desenhos para o indivíduo memorizar. Caso ele tenha menos de 65 anos de idade e não consiga memorizar nenhum dos dez objetos ou desenhos, ele deve ser investigado.
Avaliação deve ser feita com tomografia computadorizada do encéfalo (TC) ou ressonância magnética do encéfalo (RM). A punção lombar é importante, pois nos permite diagnóstico de doenças infecciosas que levam a quadro demencial.
Para as doenças infecciosas, a prevenção é a vacinação sempre que possível, como nas meningites bacterianas. Evitar transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como sífilis e AIDS, com o uso de métodos de barreira - camisinha, condom - nas relações sexuais.
Nos diabéticos e pessoas com problema de colesterol o tratamento com restrição alimentar e remédios é o mais indicado.
Nas demências consideradas degenerativas, como Alzheimer, estudos têm sido feitos na tentativa de identificar um vírus ou alteração metabólica que leve ao quadro demencial. Nos tumores cerebrais não há nenhuma forma de tratamento preventivo, mas somente curativo como cirurgia para ressecção dos mesmos.
Atuação da Fisioterapia
O envelhecimento de um indivíduo não envolve normalmente o desenvolvimento de demência. É verdade que o cérebro de uma pessoa normal com 80 anos de idade apresenta algumas alterações significativas na função fisiológica com relação ao cérebro de uma pessoa mais jovem. Algumas alterações tornam essa faixa etária mais susceptível a sintomas de confusão, ou seja, comprometimento da memória, particularmente memória recente, e a uma diminuição na habilidade para registrar, reter e recordar experiências atuais. Contudo, uma pessoa idosa normal que não está passando por sobrecargas somáticas ou emocionais graves apresenta pouca ou nenhuma alteração na capacidade intelectual devido ao avanço da idade. Assim, o quadro geral do envelhecimento pode ser um processo positivo e agradável porque a experiência de vida e o conhecimento pessoal podem geralmente compensar as perdas.
No caso da demência aguda ou degenerativa crônica, essas são consideradas uma condição patológica. Uma avaliação e tratamento adequado e realizados a tempo são necessários para assegurar um resultado no qual o paciente se sinta seguro. Além disso, faz parte prestar esclarecimentos para que aqueles que cuidarão do paciente recebam o suporte para poder contribuir com a sua independência pelo máximo de tempo que for funcionalmente possível.
Na assistência ao paciente com demência a fisioterapia pode contribuir muito com a melhora da qualidade de vida do paciente e da família. A intervenção fisioterápica envolve a facilitação dos movimentos e planejamento motor e o desenvolvimento ou refinamento de pistas ambientais e cognitivas para ajudar a realizar tarefas complexas.
Exemplos específicos de intervenção direta na assistência do paciente podem incluir:
- Uso de técnicas de reabilitação neurológica para diminuir a presença de tônus anormal e para aumentar a facilidade de movimento.
- Modificação de processos de facilitação neurológica para melhorar o senso de segurança do paciente e motivação para cuidar de si próprio dentro da segurança de um ambiente supervisionado.
- Aumentar a coordenação do paciente (por exemplo, na alimentação ou deambulação).
- Facilitar o ato respiratório (para melhorar a resistência física e minimizar a sensação de ansiedade relacionada) caso a caixa torácica esteja tomada por retração muscular em massa.
- Simplificar tarefas e realizar para o paciente aquelas tarefas que eles não podem realizar sozinhos.
- Ensinar para familiares e cuidadores habilidades específicas relacionadas com o ato de mover o paciente (como protege-lo ou vesti-lo quando o paciente está completamente incapaz de ajudar a si próprio).
Dessa forma, o fisioterapeuta é parte chave da avaliação, tratamento e assistência contínua ao paciente com demência. Porém, é importante que todo o planejamento de assistência seja elaborado como parte de um esforço em equipe, onde o paciente, a família, os cuidadores, o médico, a enfermagem, a fonoaudiologia e a fisioterapia participem de modo a garantir a consistência do tratamento.
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